E assim termina o bate papo que tive com Luiza Machado. Foi muito divertido conversar com essa garota que tá terminando seu mestrado na França, ou melhor... em Paris! Enquanto ela falava da cidade luz (o que ela adora e tem até um blog onde dá várias dicas de lá que se chama O guia de Paris), foi crescendo uma curiosidade ainda maior de visitar a França... E como foi um bate papo, eu também falei bastante sobre a minha experiência fora do Brasil. Pra quem não viu a primeira parte do nosso bate papo, clique aqui.
(Luiza) O que me fez mudar para Paris foram várias coisas ao mesmo tempo. Eu sempre tive vontade de morar fora, só não sabia para onde iria. Daí arranjei um namorado francês (estamos juntos até hoje), ele ficou aqui no Brasil durante dois anos e fui aprendendo o francês com ele, acho que a opção pela França acabou sendo algo natural, mesmo porque uma outra grande amiga decidiu ir também, além disso eu consegui passar para uma especialização na Sorbonne. Hoje estou completando o meu segundo ano de mestrado lá e trabalhando também para uma empresa francesa.
(Talita) Parece que seus planos pro futuro incluem virar francesa de vez, é verdade? Me fale um pouquinho sobre seus planos.
(Luiza) (Risos) Nunca vou virar francesa de verdade, pois meu coração será sempre verde-amarelo, mas é claro que uma dupla nacionalidade não atrapalha ninguém, só ajuda (especialmente nas filas dos aeroportos). E ninguém sai "ileso" de anos fora do Brasil, acabamos que adquirimos sempre um pouquinho da cultura, das tradições... Eu não sei quanto tempo vou ficar pela França, mas já considero o país como minha segunda nação.
(Talita) Você aprendeu a cozinhar algum prato típico ou ainda não se atreveu? Mas já ensinou ao namorado como fazer brigadeiro enrolado e passado no granulado?
(Luiza) Meu namorado é um verdadeiro chef francês e antes eu não sabia nem fazer um macarrão direito, ele que me ensinou a fazer arroz (olha que vergonha), mas hoje em dia até que tenho saído muito bem e arrisco alguns pratos franceses (tipo crepe, ratatouille, quiche lorraine, etc). Mas o brigadeiro ele nunca foi fã, ele diz que é muito enjoativo, não sabe o quê está perdendo...
(Talita) Qual o estilo do parisiense que mais afetou o seu? Em termos de horários, obrigações, costumes... A que teve que se obrigar a se adaptar pra não ficar mal na fita?
(Luiza) Com certeza foi em relação à pontualidade. Os franceses são muito pontuais, não só para compromissos de trabalho, mas também para festas, se você marcou uma festinha para à 20:00, pode ter certeza que as pessoas vão chegar na hora... Isso foi muito difícil para me acostumar, mas agora até que estou bem pontual...
(Talita) Sair com os amigos pra sentar num barzinho é comum por aí também? Que atividade adotou e que é tipicamente parisiense?
(Luiza) Na França tem muita gente que senta em barzinho, mas não é como no Brasil, pois não existe um boteco. A versão do boteco francesa, eu diria que seriam os cafés, onde as pessoas combinam de se encontrar para bater papo, muito esquisito, não? Eu acho que acabei adotando também a moda do café ou então da reunião em casa, pois a maior parte das festas são dentro de casa, já que no lado de fora faz muito frio.
(Talita) Em todo esse tempo que já mora em Paris, quais foram os acontecimentos que mais te marcaram? Coisas engraçadas, dificuldades por que passou, alegrias, conquistas, etc.
(Luiza) Olha, acho que minha maior conquista foi ter conseguido passar de ano na Sorbonne, sendo que muitos franceses não conseguiram, fiquei muito orgulhosa disso. Mas, é claro que não tem só isso, fico muito contente também de ter conhecido pessoas maravilhosas em Paris e que hoje em dia posso dizer que são meus amigos. Não importa onde estivermos no mundo, se temos amigos de verdade ao nosso lado, estaremos reconfortados e, quem sabe, nos sentindo em casa...
(Luiza) Quando você foi pra Nova Zelândia, chegou a passar por alguma agência de intercâmbio?
(Talita) Sim. Eu fui através de uma agência. Quando se tem 16 anos acho que é essencial que seja dessa forma. Eles mantém contatos semanais com a escola em que estudamos, são eles que fazem todo o esforço de lhe achar uma família interessante com quem morar, além de existir o fato de que tanto as famílias que nos hospedam quanto as escolas recebem pagamentos - na minha época, semanais. E a agência fica responsável em efetuá-los em dia.
(Luiza) O achou do trabalho da sua agência?
(Talita) Algumas coisas prometidas não foram cumpridas. Prometeram que teríamos o telefone de um funcionário que mora no país para conversarmos e tirarmos dúvidas, o que não aconteceu. Me mandaram pra morar com uma família americana na Nova Zelândia! E pra que serviram todos aqueles encontros com discursos de se preferir uma família local para conhecer e se adaptar melhor aos costumes? Não valeram pra mim e acabou que fiz a escolha de mudança de família meses depois que já morava no país. Mesmo com algumas falhas, a agência foi importante na preparação antes da viagem, com encontros com outros futuros intercambistas e várias palestras. Eu a recomendo porque os profissionais de lá estão realmente focados em te preparar para um intercânbio, mas a minha experiência poderia ter sido menos problemática não fosse a aceitação de uma família americana na Nova Zelândia. Além de ser um alívio colocar pagamentos e outros tipos de responsabilidades nas mãos de alguém que está recebendo pra isso. Um alívio aos pais desajuizados, ao menos (rs).
(Luiza) O achou do trabalho da sua agência?
(Talita) Algumas coisas prometidas não foram cumpridas. Prometeram que teríamos o telefone de um funcionário que mora no país para conversarmos e tirarmos dúvidas, o que não aconteceu. Me mandaram pra morar com uma família americana na Nova Zelândia! E pra que serviram todos aqueles encontros com discursos de se preferir uma família local para conhecer e se adaptar melhor aos costumes? Não valeram pra mim e acabou que fiz a escolha de mudança de família meses depois que já morava no país. Mesmo com algumas falhas, a agência foi importante na preparação antes da viagem, com encontros com outros futuros intercambistas e várias palestras. Eu a recomendo porque os profissionais de lá estão realmente focados em te preparar para um intercânbio, mas a minha experiência poderia ter sido menos problemática não fosse a aceitação de uma família americana na Nova Zelândia. Além de ser um alívio colocar pagamentos e outros tipos de responsabilidades nas mãos de alguém que está recebendo pra isso. Um alívio aos pais desajuizados, ao menos (rs).
(Luiza) Como foi trocar de familia? Conta tudo!
(Talita) Foi ótimo pra mim. Minha família anterior não era ruim, mas era americana! Se quisesse morar com americanos, teria ido para os EUA, é o que penso, mas na época minha opinião não importava muito (rs). Depois que mudei para a casa dos Dowie, minha experiência mudou completamente. Passei a frequentar eventos típicos da cidade e sem falar que era tratada com muito mais alegria e que fui mais integrada à cultura neozelandense. Tive a grande sorte de ser hospedada pelos Dowie. Eles cozinhavam comidas neozelandenses, contavam piadas neozelandenses, me ensinavam sobre o país, sobre a política, sobre a cultura, tudo o que na casa anterior não tinha tido a oportunidade de vivenciar. Foi ótimo mesmo. Ah! Como prometi te contar da última vez, existe um cumprimento interessante dos Maoris, povo nativo da Nova Zelândia, que é o nariz com nariz. Muitos seguem a tradição do cumprimento, mas pessoalmente achei bem constrangedor ter que dar um oi enconstando meu nariz no nariz de todo mundo. Mas acho que me saí bem.
Obrigada, Luiza, por ter participado comigo desse bate papo tão legal aqui no dona perfeitinha. Foi bem divertido!