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Pais erram. Filhos erram. Pais aprendem. Filhos aprendem.

by - dezembro 06, 2013


Nesse mundo diferente, diferente do ideal de ser, criar bem um filho ficou mais difícil. Mas nada de cara fechada, nada de deixar o mundo cruel se revelar em você. Temos mania de tratar filho criança feito adulto, como se ele visse o mundo cinza feito nós, como se carregasse, como nós, crenças e preconceitos iguais. Acho que na cabecinha das crianças, mesmo daquelas muito reprimidas, a vista do mundo é colorida e atraente. Mas então porque há crianças tão fechadas e de semblante tristinho ou mesmo crianças reclamonas e de cara emburrada? Ou mesmo crianças sorridentes, mas agressivas? Não deveriam ser todas elas brincalhonas e contentes? As respostas são difíceis de achar porque várias são as questões que podem ser consideradas. Mas uma questão em particular, aquela que faz um efeito incrível no estado de espírito dos nossos filhos, é como nós, seus pais, encaramos a educação deles. E quando nosso filho começa a apresentar algum problema que seja, muitos pais esquecem-se de si mesmos como 'responsáveis' e culpam escola, colegas, professores, avós, vizinhos e tudo mais, menos eles. Se queremos criar regras para os filhos, que criemos! Mas não deixemos também de criar então algumas regras para nós mesmos, seus pais. E a principal delas deveria ser buscarmos em nós mesmos qualquer atitude errada que possamos estar cometendo em qualquer etapa da educação dos nossos filhos. Afinal, não somos super poderosos, somos pais que precisam aprender a ser pais melhores no dia a dia. Já ouviu falar de algum médico que nunca errou um diagnóstico no início de sua profissão? De algum escritor que nunca escreveu um texto ruim? Um juiz de direito que nunca vacilou na hora de um veredicto? Não somos bons em nada se não nos esforçarmos, se não quisermos aprender, se não encararmos os problemas. Como pais, especialmente.

Algumas crianças estão se entristecendo, já reparou? O que você faria se fosse com um filho seu? Vê-lo amuadinho em festas infantis, quietinhos do seu lado, sem ir se divertir com as outras crianças? Você justificaria aos outros que seu filho é tímido? Que seu filho não gosta de brincar? Que seu filho está cansado porque normalmente dorme cedo? Não faça isso! Pergunte a si mesmo o que pode estar desencadeando essa atitude na criança. Seu filho é uma criança! Criança quer brincar, por mais que abaixe a cabeça e diga que não. Há crianças novinhas criando neuras do tipo: Não posso brincar disso porque vou acabar sujando minha roupa nova, rasgando minha meia calça. Será que os pais aqui não estão exagerando na hora de recomendar cuidados? Será que uma roupa cara é mais importante que a diversão de um filho? Há crianças que se amuam porque os pais as 'forçam' demais na frente de outras crianças a brincar. 'Ditam' o que devem fazer... 'vá brincar com fulano no escorregador'; 'desgruda da gente! Vá brincar'. Nesse caso a criança vai se envergonhando de si mesma porque parece o tempo todo que suas iniciativas não agradam aos pais, como se os pais as quisesse sempre fazendo algo diferente do que realmente quisesse e, no final das contas, não faz nem uma coisa nem outra. Se nosso filho está amuadinho, nosso trabalho é tentar entender o que o está tornando assim; que tipos de pensamentos ele está tendo. Normalmente é algo que ele quer esconder de nós, pois acham que serão repreendidos ou receberão alguma crítica debochada. 


Nós pais temos sempre que nos lembrar que por mais que queiramos o melhor para nossos filhos, o melhor nem sempre é a mesma coisa pra nós e pra eles. Muita confiança e conversas amigáveis são importantes para chegarmos sempre a uma boa solução para os problemas. Respeito à individualidade do filho é um grande aprendizado que nós pais, normalmente, custamos a aprender. Mas é também, sem dúvidas, o primeiro passo para a confiança de um filho em um pai. Pense bem! Você já foi criança! Pense como era ou teria sido difícil pra você ser repreendido por algo que faz parte da sua própria individualidade. Não por atitudes ruins, mas simplesmente por ser o que é, sentir o que sente e gostar do que gosta. 

Crianças alegres e 'atrevidas' são de certa forma mais 'equilibradas', mais 'felizes'. Quando a cobrança de uma perfeição que não existe é detectada em uma criança muito nova, pode ter certeza que a criança não aprendeu sozinha sobre as cobranças que está exercendo sobre si mesma. A criança, provavelmente, está sentindo um peso maior do que deveria sobre as cobranças e recomendações dos pais. Será que em algum momento os pais exageraram em algum castigo? Disseram palavras ofensivas? Alguma coisa há de estar acontecendo.

Alguns pais que se acham maravilhosos, muitas vezes abandonam seus filhos sem perceberem. Criam regras tão poderosas que realmente conseguem criar filhos 'na linha'. Mal sabem eles que em vários momentos em que seus filhos mais precisaram de um carinho fora de hora por qualquer que seja o motivo, eles o negaram. Mal sabem eles que seus filhos cresceram sem dividir com eles seus sentimentos mais confusos, os quais demandavam orientações que nunca vieram, carinho que nunca chegou. Uma regra pesada nesse sentido que vejo muitos pais exagerarem ao lidar com ela é a tal da que 'em cama dos pais, filho não dorme'. Alguém já ouviu falar em medo? Algum pai já sentiu medo quando era criança e ainda não tinha 'poderes' como os adultos para se 'defender' sozinho? Há pais abandonando seus filhos em momentos como esse, acredita? Pesadelos são capazes de nos acordar no meio da noite taquicárdicos, imagine o efeito disso numa criança! Acredite ou não, para alguns pais, a regra de que filho não pode dormir em sua cama é tão importante que não há choramingo que lhes amoleça o coração. Uma vez negado isso, o filho nunca mais vai tentar de novo ir pra cama dos pais à noite. E os pais vão se vangloriar por serem pais 'perfeitos', donos da 'verdade'. Mas você acha que os pesadelos terminaram? Acham que a criança não mais acorda no meio da noite? Claro que acordam... acordam e se sentem sozinhos, sem a quem pedir ajuda. Se sentem abandonados. E os pais vão negar a possibilidade de seus filhos continuarem acordando, pois pra eles, dormem a noite toda. As verdades aqui começam a ter versões diferentes... A confiança do filho no pai já se foi. A confiança do pai no filho vai ser cobrada no momento em que o filho já puder caminhar por si só ou quando achar outras pessoas em quem confiar, para quem contar seus medos... e isso é triste, preocupante!

Outra regra que nós pais deveríamos criar para nós mesmos é a que não existe regra sem exceção e que não deve existir regra sem abertura para argumentações. Se criamos a regra para um filho e à pergunta deles sobre o porquê dela respondemos 'porque não', pode saber que tem algo de errado nessa regra. Porque 'não' não é motivo de proibir nada a um filho. Tem de haver uma razão coerente e lógica para toda regra e nossos filhos devem entendê-la para serem coerentes em suas atitudes. Somos pais! Somos responsáveis! Mas responsabilidade só se aplica a quem 'sabe' o que pode gerar uma atitude ruim. E regras para os filhos são justamente para que eles entendam sobre serem responsáveis pelas consequências de seus atos. Se simplesmente receberem regras e nunca entenderem as razões delas existirem, pode ter certeza que se não for por sorte do destino, os filhos crescerão irresponsáveis como seus pais que parecem que não fazem ideia da responsabilidade incutida no ato de exigir que seus filhos cumpram regras sem razão de ser. 


Pai e mãe tem mania de corrigir todo ato errado ou feio de um filho. Corrigir é importante, mas convenhamos que há lugar e momento certo para isso. Pais que corrigem seus filhos por pequenas coisinhas na frente de todo mundo, coisas do tipo 'não fala assim de boca cheia'; 'não tira a blusa pra fora da calça'; 'não pega o brinquedo dele'; 'não corra'; 'faça isso'; 'faça aquilo'; mandando em tudo... só de ler, já ficamos entediados, né? Imagina a chatice que deve ser a rotina dessa criança ao lado desses pais! Imagina a vergonha que esses filhos vão guardando dos pais dentro de si! Nós pais temos que corrigir sim, ensinar sobre como melhor viver, mas se for coisas que não interfiram em nada na moral da criança ou não seja sobre algo que tenha causado uma consequência grave, por que corrigí-las na frente dos outros? Lembre-se! Seu filho é uma criança! Criança vê o mundo atraente e colorido. Quer correr, quer brincar, se sujar, vai ficar com o cabelo todo desajeitado, e daí? Pergunte pra si mesmo, pai e mãe, e daí? A criança vai se empolgar numa conversa com os amigos e vai sim falar de boca cheia. E daí? O que isso interfere na boa conduta de seu filho? O que isso pode causar de mal a ele? Não sabe? Pode causar uma irritação dele com você toda vez que precisar REALMENTE repreender-lhe sobre algo importante. E isso sim, com o tempo, vai te fazer se achar 'impotente', afinal, com o tempo, seu filho vai querer ignorar tudo que você disser. E você pai, você mãe, não quer isso, quer? Eu não quero!

Precisamos aprender a ser pais que educam, mas que não 'podam', pois asas todo filho um dia cria e aprende a usá-las. Se vai usá-las pra fugir de você ou se vai usá-las para ir onde quiser e voltar também é que é a grande diferença no resultado da educação que esse filho recebeu. E aprender a educar sem 'podar' demanda refletirmos o tempo todo sobre nossos atos. Achar que a razão de todos os problemas dos nossos filhos está fora do âmbito familiar da educação é um grande fechar de olhos sobre o problema. Acho que tem pais que fazem isso, pois rapidamente conseguem enganar a si mesmos ao encontrar um 'culpado' externo. Mas com isso, esses pais estão negando a ajuda que seus filhos precisam. Casos de bulliyng na escola muitas vezes podem ter sido originados em casa. Se você em casa reforça a segurança de seus filhos sobre si mesmos, ajudam-os a gostarem deles mesmos exatamente como são, o bulliyng talvez nunca tivesse a força e a continuidade que muitas vezes tem. É a atitude da criança ao encarar o problema que vai definir se ela vai sofrer e crescer magoada com aquilo ou se vai achar seu agressor um caso simplesmente a ser ignorado. Tem criança gordinha que em casa ouve o tempo todo o pai e a mãe reclamarem de si mesmos, se auto-criticarem por estarem acima do peso, associando a obesidade a algo vergonhoso e então veem em si mesmos o problema. Com isso não vão saber agir quando forem ridicularizados na escola por tal condição. Crianças assim vão sofrer e não procurarão os pais para ajudarem, pois tem medo de magoá-los. Sabem que eles também não sabem como resolver o problema. É em casa sim que está a maior chance de resolvermos qualquer problema dos nossos filhos. E é com amor e carinho e ATITUDE que resolveremos. Nada de fechar os olhos pra problema nenhum, por mais difícil que seja ele de resolver. E a grande verdade é que todo pai e toda mãe faz tudo por um filho, apenas não gostam de achar que erram com eles e aí é que erram de vez. Errar não é vergonha alguma. Errando a gente aprende a ser melhor. E querer aprender a melhor forma de apresentar o mundo ao filho inclui reconhecer nossos erros, pois só assim para conseguirmos que ele cresça contente, sem culpas, seguro de si e se se sentindo capaz de conseguir o que deseja. Essa é a ATITUDE que se espera de um bom pai, de uma boa mãe, a atitude mais respeitosa com relação a um filho.


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2 comments

  1. Oi Talita!

    parabéns pelo texto. Cronica que todos os pais e responsáveis devem ler e, principalmente, praticar o que leram.

    Beijo grande.

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  2. Oii Thalita, sempre leio seu blog, e hoje seu texto me deu inspiração para escrever.Procuro criar meus filhos sem "pressão" com liberdade,mas não liberdades desrespeitosas e sem educação.Mas liberdade que as crianças precisam!Aquela liberdade que tinhamos quando criança, criança criada no interior,livre!Sou mãe de 3 pequeninos, um de 5, uma de 3 e outro de 1.
    Fiz um post em meu blog e mencionei seu texto, dei os devidos créditos,se quiser passar por lá, fique à vontade!
    Beijos!!!
    www.coisinhasdapris.blogspot.com

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