Um dia de sobrevivência na 'selva'
Vocês já foram deixados no meio de uma floresta e por lá tiveram que ficar 36 horas sem água, sem comida e nada além de um daqueles plásticos prateados que (dizem!) ajudam a manter a temperatura do corpo quando coberto por ele?
Eu já! Em uma floresta na Nova Zelândia. E não foi nada fácil...
A fome não deu tempo de chegar, mas a sede me fez, certa hora, tomar água de chuva empoçada no chão. E era tão pouca que era preciso pisar pra afundar a terra e com as mãos colher um pouco daquela água suja. Não foi horrível. Foi uma maravilha tomar aquela pouca quantidade de água, mesmo que terrosa, depois de horas e horas sem nenhuma gotinha. A garganta já ardia de seca.
O clima estava horrível, um vento cortante, um frio que doía os ossos. A noite foi a pior parte, já que levamos algumas horas construindo um abrigo que não conseguiu evitar todo o vento noturno do inverno da Nova Zelândia. O tal plástico prateado ajudava a consciência a me imaginar enrolada num edredom, mas como qualquer barulho estranho me distraía, o sonho era sempre interrompido. O melhor era conversar. No mesmo abrigo que eu, estavam outros 4 colegas, todos neozelandenses. Ninguém conseguia trocar mais de 4 palavras sem ter que parar e aquecer a garganta. O frio que passei foi o mais grave de todos e olha que já dormi em iglu!
Chegamos em nossas casas loucos por água e cama, a comida que ficasse pro outro dia. Mas no meu caso, que estava hospedada em casa de uma família emprestada, e estava sem as chaves porque o programa de sobrevivência proibia que levássemos, cheguei e acabei dormindo nas escadas, de frente pra rua. Minhas roupas estavam tão sujas que acabei sendo confundida com um mendigo e acordada por pés aflitos.
Esse dia ficará pra sempre na memória porque foi um dia pra pensar em muitas coisas, principalmente naqueles que vivem situações parecidas por necessidade.
Nesse dia na floresta pude pôr em prática técnicas de sobrevivência que aprendi em livros como o melhor local e posição para construir um abrigo de acordo com a direção do vento, etc; a seguir o som da água em procura de um rio; seguir para o norte onde provavelmente ficava a cidade mais próxima; entre outras tantas técnicas que me ajudaram a cumprir a tarefa a que me dispus.
Esse dia serviu principalmente para ter mais noção de mim mesma e do meu próximo. A preocupar-me com minha felicidade e me interessar pela do outro. E, principalmente, a pensar, o que eu sou sem minha casa, sem minhas roupas, bolsas, sapatos, quem eu sou sem nada? Ah! Eu passei a respeitar muito essa pessoa, a gostar muito mais dela... Pra sobreviver hoje preciso apenas daqueles que amo e que me amam por perto.
3 comments
Talita
ResponderExcluirQue coisa mais unica. Que experiencia! Eu teria morrido ou na floresta ou na porta da casa.
Como foi parar lá.
Te admiro mais por sua coragem ! Esta parecendo a Marilia minha irmã.Ela é que gosta de se arriscar.
Com carinho Monica
Bela mensagem, viu?
Medrosa do jeito que sou, não sobreviveria.
ResponderExcluirbeijooo.
Menina, que experiência chocante! Lição pro resto da vida e pra contar pra todo mundo mesmo!
ResponderExcluirBeijinhos.
Temos o poder de escolher fazer com amor, todo dia! Por favor, entre em contato comigo através do canal YouTube.com/@talitacavalcante